O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do Brasil, registrou alta de 0,21% em abril, conforme divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado representa uma desaceleração em relação a março, quando o índice havia subido 0,32%, e marca o quarto mês consecutivo de queda na taxa mensal.
No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação recuou para 3,7%, ficando abaixo dos 4% pela primeira vez desde janeiro de 2023 e posicionando-se confortavelmente dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
"Os números confirmam a tendência de desaceleração da inflação que vínhamos observando nos últimos meses", afirma Carlos Eduardo Martins, economista-chefe de uma grande instituição financeira. "Fatores como a estabilização do câmbio, safras agrícolas favoráveis e uma política monetária ainda restritiva têm contribuído para esse cenário."
A queda na taxa de inflação foi influenciada principalmente pelos seguintes grupos:
"A queda nos preços dos alimentos é especialmente importante porque afeta diretamente o orçamento das famílias de menor renda, que comprometem uma parcela maior de seus ganhos com alimentação", explica Maria Helena Santana, pesquisadora em economia doméstica.
Apesar da desaceleração geral, alguns setores ainda apresentaram pressões significativas:
"Observamos um padrão interessante onde bens comercializáveis, especialmente alimentos, estão em deflação, enquanto serviços continuam com inflação mais resistente, refletindo a dinâmica do mercado de trabalho aquecido", analisa Roberto Campos, economista especializado em inflação.
A queda nos preços dos alimentos traz alívio imediato para o orçamento familiar:
"É um bom momento para os consumidores recomporem seus estoques de alimentos não perecíveis e proteínas que podem ser congeladas, aproveitando os preços mais favoráveis", sugere Denise Campos, educadora financeira.
O cenário é mais heterogêneo no setor de serviços:
"Os serviços tendem a demorar mais para responder à desaceleração da inflação, pois refletem principalmente custos de mão de obra, que continuam pressionados pelo mercado de trabalho aquecido", explica Claudia Yoshinaga, professora de economia da FGV.
O grupo de transportes, que tem peso significativo no orçamento de muitas famílias, apresenta um quadro misto:
"O cenário atual é favorável para quem planeja viagens domésticas, com passagens aéreas em queda e combustíveis estáveis", observa Paulo Solmucci, especialista em turismo e consumo.
Consultamos diversos economistas sobre suas expectativas para a inflação nos próximos meses:
| Instituição | Projeção IPCA 2025 | Principais fatores considerados | |-------------|--------------------|---------------------------------| | Banco Alpha | 3,5% | Política monetária ainda restritiva e safra agrícola favorável | | XP Investimentos | 3,7% | Pressões em serviços compensadas por alimentos | | BTG Pactual | 3,4% | Câmbio estável e desaceleração global | | Itaú BBA | 3,6% | Mercado de trabalho aquecido pressionando serviços | | Santander | 3,8% | Riscos climáticos para safra do segundo semestre |
"O consenso aponta para uma inflação controlada em 2025, dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, mas ainda acima do centro da meta de 3%", resume Fernando Chacon, economista de mercado.
Apesar do cenário favorável, alguns fatores podem pressionar a inflação nos próximos meses:
"O cenário base é de continuidade da desinflação, mas existem riscos que precisam ser monitorados, especialmente relacionados a clima e fatores externos", alerta Ricardo Amorim, economista e comentarista financeiro.
A desaceleração consistente da inflação tem implicações diretas para a política monetária:
"O Banco Central tem espaço para continuar reduzindo a Selic, mas deve manter a cautela, especialmente considerando o cenário internacional ainda incerto", avalia Maurício Godoi, ex-diretor de política monetária.
O cenário de inflação em queda e juros em trajetória descendente traz implicações importantes para investidores:
"É um bom momento para os investidores revisarem suas carteiras, considerando um cenário de juros estruturalmente mais baixos no médio prazo", recomenda André Bona, planejador financeiro.
Com a inflação em desaceleração, algumas estratégias podem ser particularmente vantajosas:
"Com a inflação mais controlada, o consumidor ganha poder de negociação. É um bom momento para revisitar contratos e buscar condições mais favoráveis", orienta Juliana Pereira, especialista em direitos do consumidor.
Apesar do cenário mais favorável, alguns cuidados continuam importantes:
"A desaceleração da inflação é uma ótima notícia, mas não significa que podemos relaxar completamente com o controle de gastos. É um bom momento para fortalecer a saúde financeira", recomenda Paulo Bittencourt, consultor financeiro.
Alguns setores da economia apresentam oportunidades interessantes no contexto de inflação em queda:
"Setores que foram particularmente afetados pela inflação alta nos últimos anos têm agora um ambiente mais favorável para recuperação", analisa Marcelo Neri, especialista em economia de consumo.
Por outro lado, alguns segmentos ainda enfrentam desafios:
"Mesmo com a inflação geral em queda, alguns setores enfrentam dinâmicas próprias que mantêm pressões de custos elevadas", pondera Maria Eduarda Gouvea, consultora setorial.
A desaceleração consistente da inflação representa um alívio importante para os consumidores brasileiros, especialmente após um período prolongado de pressões inflacionárias significativas. A queda nos preços de alimentos, em particular, traz benefícios diretos para o orçamento familiar, enquanto a estabilidade em itens como combustíveis contribui para um cenário mais previsível.
Para a economia como um todo, a inflação controlada cria condições para a continuidade do ciclo de redução da taxa básica de juros, o que tende a estimular investimentos e consumo nos próximos meses. Setores sensíveis a juros, como construção civil e varejo, podem se beneficiar particularmente desse ambiente.
No entanto, é importante manter uma postura cautelosa. A desaceleração da inflação não é uniforme entre os diversos setores da economia, com serviços ainda apresentando pressões mais persistentes. Além disso, fatores de risco como condições climáticas adversas, volatilidade cambial e tensões geopolíticas podem alterar o cenário nos próximos meses.
Para o consumidor, o momento é oportuno para fortalecer a saúde financeira, aproveitando o maior poder de compra para reduzir dívidas, reforçar reservas e fazer compras planejadas. Também é um bom período para renegociar contratos e buscar melhores condições em serviços continuados.
A expectativa dos especialistas é de que a inflação se mantenha dentro da meta em 2025, o que representaria um importante avanço na estabilização macroeconômica do país. No entanto, a vigilância contínua por parte das autoridades monetárias e a disciplina fiscal seguem sendo fundamentais para consolidar esses ganhos e evitar retrocessos.