A taxa de desemprego no Brasil recuou para 7,1% no trimestre encerrado em abril, conforme divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado representa uma queda de 0,4 ponto percentual em relação ao trimestre anterior e de 1,2 ponto percentual na comparação com o mesmo período de 2024. Este é o menor nível de desocupação registrado desde março de 2015, quando o indicador estava em 7,0%.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), o número de pessoas ocupadas chegou a 101,3 milhões, um recorde na série histórica iniciada em 2012. Nos últimos 12 meses, foram criados 1,2 milhão de postos de trabalho com carteira assinada, elevando o total de empregos formais para 38,7 milhões.
"Os números confirmam a tendência consistente de recuperação do mercado de trabalho brasileiro, que vem se fortalecendo desde 2023", afirma Carlos Eduardo Martins, economista-chefe de uma grande instituição financeira. "O que chama atenção não é apenas a queda na taxa de desemprego, mas também a melhoria na qualidade das ocupações, com aumento da formalização."
A pesquisa do IBGE mostra que a geração de empregos foi disseminada entre diversos setores da economia, com destaque para:
"O setor de serviços continua sendo o grande motor da geração de empregos no Brasil, especialmente em segmentos de maior valor agregado como tecnologia e saúde", explica Fernanda Guardado, economista especializada em mercado de trabalho. "Isso é um sinal positivo, pois indica uma economia que se moderniza e cria oportunidades em áreas com maior potencial de crescimento salarial."
Além da distribuição setorial, a pesquisa revela características importantes sobre o perfil das novas contratações:
"Observamos uma tendência de maior inclusão no mercado de trabalho, com crescimento expressivo da participação feminina e melhor distribuição regional das oportunidades", destaca Roberto Campos, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
A melhora no mercado de trabalho tem se refletido positivamente nos rendimentos dos trabalhadores:
"A combinação de mais empregos com salários crescendo acima da inflação tem um efeito multiplicador importante na economia", analisa Maria Helena Santana, economista especializada em distribuição de renda. "Isso fortalece o mercado interno, estimula o consumo e cria um ciclo virtuoso de crescimento."
Alguns segmentos se destacaram com reajustes acima da média:
"A escassez de profissionais qualificados em áreas como tecnologia e saúde tem pressionado os salários para cima nesses setores", explica Paulo Solmucci, consultor de recursos humanos. "Empresas estão dispostas a pagar mais para atrair e reter talentos em um mercado cada vez mais competitivo."
Consultamos diversos economistas sobre suas expectativas para o mercado de trabalho nos próximos meses:
| Instituição | Projeção taxa de desemprego (dez/2025) | Principais fatores considerados | |-------------|----------------------------------------|---------------------------------| | Banco Alpha | 6,8% | Crescimento econômico sustentado e investimentos em infraestrutura | | XP Investimentos | 7,0% | Moderação no ritmo de contratações no segundo semestre | | BTG Pactual | 6,5% | Expansão do setor de serviços e retomada industrial | | Itaú BBA | 6,9% | Crescimento econômico de 2,8% em 2025 | | Santander | 7,2% | Cautela das empresas com contratações devido a incertezas externas |
"O consenso aponta para a continuidade da trajetória de queda na taxa de desemprego, ainda que em ritmo mais moderado no segundo semestre", resume Fernando Chacon, economista de mercado. "A expectativa é que fechemos o ano com a menor taxa de desocupação em mais de uma década."
Além das projeções quantitativas, especialistas identificam algumas tendências qualitativas para o mercado de trabalho:
"O mercado de trabalho brasileiro está passando por transformações estruturais importantes, com novas formas de contratação e perfis profissionais emergentes", observa Claudia Yoshinaga, professora da FGV. "Adaptabilidade e aprendizado contínuo serão cada vez mais valorizados."
A melhora no mercado de trabalho cria oportunidades financeiras para trabalhadores e famílias:
"Com o mercado aquecido, trabalhadores têm mais poder de negociação e podem buscar melhores condições", orienta Denise Campos, educadora financeira. "É um bom momento para investir em qualificação e também para organizar as finanças, aproveitando a maior estabilidade na renda."
Especialistas sugerem algumas estratégias financeiras para aproveitar o momento favorável:
"A melhor estratégia é aproveitar o bom momento para fortalecer sua posição financeira e criar proteções para eventuais períodos menos favoráveis no futuro", recomenda André Bona, planejador financeiro.
Apesar do cenário positivo, alguns desafios importantes permanecem no mercado de trabalho brasileiro:
"Mesmo com a melhora nos indicadores gerais, temos um mercado de trabalho ainda muito heterogêneo, com bolsões de informalidade e precariedade", pondera Ricardo Amorim, economista e comentarista financeiro. "O desafio é fazer com que a recuperação chegue a todos os segmentos da população."
Alguns grupos ainda enfrentam dificuldades específicas:
"Precisamos de políticas específicas para esses grupos mais vulneráveis, combinando qualificação profissional, incentivos à contratação e combate à discriminação", defende Maurício Godoi, especialista em políticas públicas de emprego.
A melhora no mercado de trabalho tem implicações importantes para a economia como um todo:
"Um mercado de trabalho aquecido, desde que não gere pressões inflacionárias excessivas, é extremamente positivo para a economia como um todo", avalia Marcelo Neri, diretor da FGV Social. "Ele cria um círculo virtuoso de mais renda, mais consumo, mais investimentos e mais empregos."
Alguns setores da economia tendem a se beneficiar particularmente do cenário atual:
"Empresas voltadas para o mercado interno, especialmente as que atendem a classe média emergente, tendem a apresentar resultados positivos nesse cenário", projeta Maria Eduarda Gouvea, analista de investimentos.
A queda na taxa de desemprego para o menor nível em 10 anos representa um marco importante na recuperação econômica brasileira. O aumento do número de pessoas ocupadas, a criação expressiva de vagas formais e o crescimento dos rendimentos acima da inflação configuram um cenário positivo para trabalhadores, empresas e para a economia como um todo.
Para os trabalhadores, o momento é oportuno para buscar melhores condições profissionais, investir em qualificação e fortalecer a saúde financeira. A maior estabilidade no emprego e na renda permite um planejamento financeiro mais consistente, com foco na redução de dívidas, construção de reservas e preparação para objetivos de longo prazo.
Para a economia brasileira, o mercado de trabalho aquecido funciona como um motor importante de crescimento, fortalecendo o consumo interno e criando um ambiente mais favorável para investimentos. A expansão da massa salarial e o aumento da formalização também contribuem para a sustentabilidade fiscal, com impactos positivos na arrecadação e no sistema previdenciário.
No entanto, é importante reconhecer que persistem desafios estruturais significativos. A desigualdade regional, os altos níveis de informalidade em alguns segmentos e as dificuldades específicas enfrentadas por grupos vulneráveis mostram que a recuperação ainda não alcançou todos os brasileiros de forma homogênea.
Além disso, o mercado de trabalho passa por transformações profundas, com automação crescente, novas formas de contratação e demanda por habilidades diferentes. Adaptar-se a esse novo cenário exigirá esforços contínuos de qualificação e flexibilidade tanto de trabalhadores quanto de empresas.
A expectativa dos especialistas é que a tendência de melhora continue nos próximos meses, ainda que possivelmente em ritmo mais moderado. Se confirmada, essa trajetória poderá consolidar um dos períodos mais favoráveis para o mercado de trabalho brasileiro nas últimas décadas, com benefícios amplos para a economia e a sociedade.