A partir de hoje, entra em vigor a Lei 15.476/2025, conhecida como Lei de Proteção Financeira do Consumidor (LPFC), que estabelece novas regras para a relação entre consumidores e instituições financeiras no Brasil. Aprovada pelo Congresso Nacional em março e sancionada pelo presidente em abril, a legislação representa um marco na defesa dos direitos dos consumidores de produtos e serviços financeiros.
Entre as principais mudanças estão a limitação de juros para determinadas operações, maior transparência nas cobranças, simplificação de contratos, novas regras para marketing de produtos financeiros e mecanismos mais eficientes para resolução de conflitos. A lei também estabelece punições mais severas para instituições que descumprirem as normas.
"Esta lei representa um avanço significativo na proteção dos consumidores brasileiros, especialmente os mais vulneráveis", afirma Juliana Pereira, presidente do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). "Ela corrige distorções históricas e estabelece um equilíbrio mais justo na relação entre clientes e instituições financeiras."
Uma das mudanças mais impactantes da nova legislação é o estabelecimento de tetos para taxas de juros em determinadas modalidades de crédito:
Além disso, a lei estabelece limites para tarifas bancárias, que não poderão ultrapassar 1,5% do valor da operação ou R$ 250, o que for menor. Serviços básicos como consulta de saldo, transferências entre contas do mesmo banco e até dois saques mensais deverão ser gratuitos para todos os clientes.
"Os limites estabelecidos pela lei ainda permitem margens saudáveis para as instituições financeiras, mas coíbem abusos que prejudicavam especialmente os consumidores mais vulneráveis", explica Ricardo Moura, economista e professor de Direito do Consumidor da USP.
A LPFC traz exigências rigorosas quanto à transparência e clareza nas informações prestadas aos consumidores:
"Um dos maiores problemas que enfrentávamos era a complexidade dos contratos e a dificuldade de entender exatamente quanto se pagaria ao final de um financiamento ou empréstimo", comenta Maria Helena Santana, advogada especializada em direito do consumidor. "A nova lei traz avanços importantes nesse sentido."
A publicidade de produtos financeiros também sofrerá mudanças significativas:
"As novas regras para marketing financeiro são fundamentais para reduzir o superendividamento, especialmente entre populações mais vulneráveis", avalia Paulo Solmucci, especialista em educação financeira. "Muitas pessoas contraem dívidas sem compreender completamente as condições, atraídas por publicidade agressiva."
A lei dedica um capítulo específico à prevenção e tratamento do superendividamento:
"O superendividamento é um problema social grave que afeta milhões de brasileiros. As medidas previstas na lei não apenas ajudam a prevenir novos casos, mas também oferecem caminhos para quem já está em situação crítica", destaca Claudia Yoshinaga, professora de finanças da FGV.
A LPFC também inova ao estabelecer mecanismos mais eficientes para resolução de conflitos:
"Os novos mecanismos de resolução de conflitos representam um grande avanço, pois reduzem a necessidade de judicialização e tornam o processo mais ágil e eficiente", avalia Desembargador Roberto Campos, especialista em direito bancário.
Para aproveitar as proteções oferecidas pela LPFC, é fundamental conhecer seus direitos. O texto completo da lei está disponível nos sites do Planalto e do Banco Central, mas destacamos algumas dicas práticas:
Em caso de descumprimento da lei, os consumidores podem recorrer a diversos canais:
"É importante que o consumidor não apenas conheça seus direitos, mas saiba como e onde reclamar quando eles forem violados", orienta Marcelo Neri, diretor do Procon-SP. "A efetividade da lei depende também da vigilância e participação ativa dos cidadãos."
Para facilitar a vida dos consumidores, preparamos um modelo básico de carta de contestação que pode ser adaptado para diferentes situações:
As reações do setor financeiro à nova legislação têm sido mistas. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) emitiu nota reconhecendo a importância de aprimorar a proteção aos consumidores, mas expressou preocupação com alguns pontos:
"Apoiamos medidas que promovam transparência e relações mais equilibradas, mas alguns limites estabelecidos podem restringir a oferta de crédito para determinados perfis de consumidores", afirmou o presidente da entidade.
Bancos digitais, por outro lado, têm se mostrado mais receptivos. "Muitas das exigências da nova lei já faziam parte de nossas práticas. Acreditamos que relações transparentes e justas são a base para um mercado financeiro saudável", declarou o CEO de uma das principais fintechs do país.
Especialistas apontam possíveis consequências da nova legislação:
"O mercado financeiro brasileiro passará por um período de adaptação, mas a tendência é que encontre equilíbrio em um patamar mais favorável aos consumidores", analisa Fernando Chacon, economista-chefe de um grande banco de investimentos.
A nova lei traz avanços importantes, mas especialistas ressaltam que a educação financeira continua sendo fundamental:
"Mesmo com todas as proteções legais, o consumidor informado sempre estará em melhor posição para tomar decisões financeiras adequadas", afirma Denise Campos, educadora financeira. "A lei cria um ambiente mais justo, mas o conhecimento segue sendo a melhor defesa."
Para quem deseja aprimorar seus conhecimentos financeiros, existem diversos recursos disponíveis:
"Investir tempo em educação financeira é provavelmente a decisão com melhor retorno que alguém pode tomar", recomenda André Bona, planejador financeiro. "Conhecimento financeiro é um ativo que se valoriza ao longo da vida."
A implementação da LPFC será gradual, com algumas disposições entrando em vigor imediatamente e outras ao longo dos próximos meses:
Período | Implementação |
---|---|
Junho/2025 | Limites de juros e regras de transparência |
Agosto/2025 | Novas regras para marketing financeiro |
Outubro/2025 | Mecanismos de resolução de conflitos |
Janeiro/2026 | Sistema integrado de prevenção ao superendividamento |
Além disso, o Banco Central deverá emitir resoluções complementares para regulamentar aspectos específicos da lei nos próximos meses.
Para os consumidores brasileiros, a nova legislação marca o início de uma era potencialmente mais favorável:
"Estamos testemunhando uma transformação importante no mercado financeiro brasileiro, com potencial para torná-lo mais inclusivo, justo e eficiente", conclui Maria Eduarda Gouvea, secretária nacional de Defesa do Consumidor.
A Lei de Proteção Financeira do Consumidor representa um avanço significativo na regulação das relações entre consumidores e instituições financeiras no Brasil. Ao estabelecer limites para juros e tarifas, exigir maior transparência, regular o marketing financeiro, proteger contra o superendividamento e criar mecanismos mais eficientes para resolução de conflitos, a legislação cria um ambiente potencialmente mais equilibrado e justo.
No entanto, a efetividade da lei dependerá não apenas da fiscalização por parte dos órgãos reguladores, mas também da vigilância e participação ativa dos consumidores. Conhecer seus direitos, saber como exercê-los e investir em educação financeira continuam sendo elementos fundamentais para navegar com segurança no mundo das finanças pessoais.
Para as instituições financeiras, a adaptação às novas regras representa um desafio no curto prazo, mas pode resultar em um mercado mais saudável e sustentável no longo prazo, com relações mais transparentes e menor inadimplência.
Este artigo tem caráter informativo e não constitui aconselhamento jurídico. Para situações específicas, consulte um advogado especializado em direito do consumidor.
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